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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Curta vida


*Homenagem aos jovens universitários que morreram no caminho para o Bahia


Uma curta viagem
Uma ida pro nada
Caminhos seguidos
Pro final de uma estrada

Uma ponte, uma luz
Uma pontada no coração
Tristeza e dor 
E no final; lamentação

Vidas interrompidas 
Pelas pedras de uma ponte 
Um volante descontrolado
Vida tão obstante

Restos espalhados 
Pelo longo despenhadeiro
Finda a vida, segue o curso
Destes jovens brasileiros

terça-feira, 17 de abril de 2012

Tédio virtual

Entendiado aqui mais uma vez
Essa tela só me mostra o outro
Faz esquecer-me de mim mesmo
Nada tem sido verdadeiro


Sentado aqui na mesma poltrona
Refaço as mesmas coisas
E sinto o mesmo gosto
Gosto sem graça de todos os dias


Até a tela se esquiva do meu olhar
Até ela sabe que coisas melhores existem no mundo lá fora


O tédio complementou sua materialização
Até naquilo que não é de verdade
E o virtual preenche o coração dos vazios


Sentado aqui  a monotonia devora a mim
Devora a poltrona, devora a tela
Devora o mesclado do que não sou
O que eu sou? A mistura do morto com o virtual


Sou prosa, sou rima, sou peso
Sou bytes, binômios
Ciência pura
Tecnologia irrelevante do meu ser


Sou a própria tela,
Sou a vela póstuma que se apaga
Sou fração matemática
Sou a rima do nada.


domingo, 15 de abril de 2012

Aurora

Noites claras de céu azul
Povoa trovejante minha memória do passado


Noites claras do mês de abril
Trás até a mim aquele cheirinho da terra molhada


Chuva triste cai sobre o toldo da janela
Respinga o chão do meu quarto frio


Nublado céu de cor cinza 
Já não é tão lindo como no verão passado


A chuva incensante vem fazer enxurrada 
Para lavar as magoas do meu coração apertado


Mas a chuva não lava o tempo 
A enxurrada suja trás também o lixo das lembranças do ontem 


Mas há de se fazer vento novo


E eis que aurora trás o sol pra iluminar o amanhã 
Um novo tempo sem dias úmidos 


A umidade mofava meus sentimentos mais sinceros 
E trazia o ácaro que sufocava meu folego 


Agora vá dia nublado 
Fechar o tempo de outros corações 


Vá mofar os sentimentos perversos 
E não os meus que só peca em razão de amar.